mai 10 2013

Mercado e dinâmica local da cadeira produtiva da pecuária de corte na região norte


A cadeia da pecuária de corte é uma das mais importantes do agronegócio brasileiro. Atualmente, o País detém o maior rebanho comercial do mundo que, segundo dados da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO, 2006) é da ordem de 192 milhões de cabeças.

Além da representatividade em termos de rebanho, nos últimos anos, o Brasil ampliou sua participação no comércio internacional, assumindo o primeiro lugar entre os maiores exportadores de carne bovina. Em 2005, por exemplo, foi exportada 1,5 milhão de toneladas de carne, gerando receitas da ordem de US$ 3,3 bilhões (BRASIL, 2006).

Este desempenho tem sido favorecido por um cenário internacional marcado pelo acirramento da exigência do mercado consumidor, focada na sanidade e origem dos animais destinados à produção de carne, sobretudo a partir das recentes ocorrências de doenças como a febre aftosa e o mal da vaca louca, na Europa, Estados Unidos e Canadá. Lima et al. (2005) ressaltam que o reaparecimento da febre aftosa no cenário internacional ocorreu com maior intensidade em 2000 e 2001, causando a partir daí grandes prejuízos na Ásia, em diversos países da União Européia e na América do Sul.

O Brasil avançou substancialmente na erradicação da doença, pois atualmente possui 16 estados
livres de aftosa com vacinação. Contudo, a aftosa ainda representa um grande entrave às exportações, pois limita o acesso a novos mercados em função das barreiras comerciais não-tarifárias impostas por vários países. Estas barreiras podem se tornar mais limitantes para os produtos brasileiros, pois a partir de 2008, só devem ser exportados para o mercado europeu animais rastreados, oriundos de sistemas que não causam impactos ambientais, não utilizam mão-de-obra escrava e se desenvolvem em áreas legalizadas.

O mal da vaca louca, por outro lado, em função da origem da doença estar associada à reciclagem de carne, ossos, sangue e vísceras na produção de ração animal pode representar uma oportunidade para o país, visto que o rebanho brasileiro é alimentado à base de pasto, sem contar que os rebanhos de muitos dos principais países da Europa sofreram sérias baixas nos últimos anos, merecendo destaque, também, as recentes ocorrências da doença no Canadá e nos Estados Unidos.

No Brasil, uma característica marcante da cadeia produtiva da carne bovina é a sua dispersão. Isto é válido tanto para o rebanho quanto para a produção de carne pelas agroindústrias. No caso do rebanho, exceção feita à Região Nordeste, onde foi observado decréscimo no efetivo bovino nos últimos 15 anos, todas as demais regiões ou mantiveram os rebanhos estabilizados (Sul e Sudeste) ou exibiram crescimento superior à média nacional (Norte e Centro-Oeste).

MERCADO E DINÂMICA LOCAL DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE NA REGIÃO NORTE 8
A base agroindustrial, também, vem seguindo o mesmo padrão de crescimento. Considerando apenas os estabelecimentos registrados no Sistema de Inspeção Federal (SIF) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), nos últimos dez anos houve um aumento de aproximadamente 14% no número de empresas instaladas em 22 estados diferentes, sem contar com os estabelecimentos com registros estaduais e municipais.

Na Região Norte, objeto desta pesquisa, os números da pecuária chamam a atenção e realçam a sua importância socioeconômica. Atualmente, responde por 19,5% do rebanho nacional, com 39,8 milhões de cabeças, cujo crescimento nos últimos 15 anos tem sido superior ao do País (IBGE, 2006). É uma área onde estão se instalando novas agroindústrias de carne bovina, especialmente no Pará, Rondônia e Tocantins. Os dados do MAPA indicam que a Região Norte abriga 31 agroindústrias com registro no SIF, cuja instalação vem ocorrendo de forma mais intensa a partir de meados da década de 1990.

Com base no exposto e, considerando a importância socioeconômica dessa cadeia produtiva para a Região, o trabalho analisa a conjuntura do mercado e a dinâmica local da cadeia produtiva da pecuária de corte na Região Norte, visando contribuir com informações estratégicas para orientar as ações de agentes públicos e privados nela envolvidos.

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